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21 de março de 2010

Ayrton Senna: 50 anos em cinco histórias

A trajetória de Ayrton Senna na Fórmula 1 não é apenas uma referência para os fãs de automobilismo – é também um exemplo para quem pretende trilhar uma carreira nas pistas. O dia a dia e os bastidores da rotina de Senna, no entanto, ainda têm histórias pouco conhecidas. Neste domingo, quando o tricampeão completaria 50 anos de vida, o GLOBOESPORTE.COM revela cinco depoimentos sobre o piloto, narrados por cinco personalidades ligadas a ele.

Confira uma galeria com as melhores imagens da carreira de Senna

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Ayrton Senna (à direita, ao fundo) curte um momento de folga almoçando em uma churrascaria

Hambúrguer na Disney
Por Rubens Barrichello, piloto da Williams na Fórmula 1

"Uma das minhas histórias com ele aconteceu em 1994, no Japão (durante o GP do Pacífico, segunda etapa daquele ano). Fui procurar algo diferente para fazer e decidi ir à Disney. Estava com o meu ex-empresário Geraldo Rodrigues. O Ayrton estava indo fazer outra coisa e perguntou: 'Posso ir com vocês?', como se fosse atrapalhar (risos). O engraçado é que ele tinha uma vida regrada e, lá na Disney, não havia mais nada para comer a não ser hambúrguer. Então, a gente estava decidindo se iria embora e ele falou que queria hambúrguer e comeu dois! Era como se ele não tivesse tempo para se divertir e comer um hambúrguer."
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A maestria na chuva surgiu de uma derrota

Nasce o Rei da Chuva
Por Viviane Senna, irmã e presidente do Instituto Ayrton Senna

"O Ayrton ainda corria de kart e estava ganhando uma corrida em Interlagos, quando começou a chover. Por causa da pista molhada, ele saiu da pista e ficou muito frustrado. Depois disso, cada vez que chovia em São Paulo, o Ayrton ia para qualquer canto da cidade com o kart e ficava treinando até escurecer. Quando chegava em casa, ele parecia um pinto molhado. E fez isso milhões de vezes. Por isso, ele virou o Rei da Chuva. Certamente ele não teria esse manejo todo se não tivesse perdido e reagido. O Ayrton teve de enfrentar o problema e colocar todo seu potencial à prova. Ele foi perseverante e desenvolveu a habilidade que estava latente. Na Fórmula 1, quando chovia, todo mundo ficava animado. Aquela que seria a primeira vitória aconteceu nestas condições, em Mônaco, quando o Alain Prost levou após a corrida ser interrompida."

Competição até no jet ski
Por Bruno Senna, sobrinho e piloto da Hispania na Fórmula 1

"Pessoalmente, eu me recordo das férias que passávamos em Angra dos Reis, no estado do Rio de Janeiro. Nos divertíamos muito nos fins de ano, principalmente brincando de jet ski. Como eu era pequeno e bem mais leve, levava vantagem nos pegas. Como ele não gostava de perder nem para o sobrinho, estava sempre mexendo no motor para andar mais rápido."


‘Joga no 19!’
Por Reginaldo Leme, comentarista de Fórmula 1 da Rede Globo

"Eu me lembro que em 1984, no GP de Mônaco, quando chegamos do Brasil, fomos jantar com o Alex Hawkridge, o dono da Toleman (equipe de Senna naquela temporada). Só eu, o Ayrton e ele. Aí o Ayrton me apresentou para o cara como jornalista brasileiro, mas falou assim: ‘É o mais respeitado jornalista brasileiro de automobilismo. Além disso, é uma pessoa em quem posso confiar muito’. Nunca me esqueci disso. Inclusive, nesta noite, nós fomos jogar no cassino, e o número da Toleman era 19. Então, ele ficava falando assim: ‘Joga no 19! Joga no 19, que eu vou barbarizar nesta corrida!’ Nós nos divertimos jogando e, no fim das contas, entre ganhos e perdas, ainda saímos no lucro."

Divulgação/Divulgação 

Tony Kanaan (com o troféu) ao lado de Senna

Truques no kart
Por Tony Kanaan, piloto da Andretti Autosport na Fórmula Indy

"Lembro muito desse dia no kartódromo dele. Eu tinha feito a pole position, mas minutos antes de largada ele inventou de inverter o grid. Por isso, larguei em último. Até então, ninguém sabia que ele ia correr. Ele deu uma volta de apresentação com um Kadett branco conversível, pegou o kart e grudou atrás do meu na largada. Assim, fui passando um por um, com ele colado em mim. Fizemos a ‘rapa’ naquela prova e consegui ganhar a corrida, na frente dele. Com certeza, foi um momento mágico na minha carreira, que estava só iniciando. Até hoje eu tenho esse troféu na minha sala. Está ao lado da taça de campeão da Indy de 2004. Ele sempre fez falta nas pistas, mas está presente em nossa lembrança."

Rafael Lopes Rio de Janeiro
GloboEsporte