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3 de fevereiro de 2009

Morte de Buddy Holly e autor de 'La Bamba' completa 50 anos

Há 50 anos, a queda de um avião monomotor em um campo coberto de neve no estado do Iowa, EUA, matou na hora três homens cujos nomes ficariam gravados para sempre na história do rock’n’roll: Buddy Holly, Ritchie Valens e J.P. "The Big Bopper" Richardson. Um divisor de águas na trajetória do gênero, o episódio foi batizado pelo compositor Don McLean como “o dia em que a música morreu”.

O acidente ocorreu por volta da 1h da madrugada do dia 3 de fevereiro de 1959. Na noite anterior, Holly, 22 anos, Valens, 17, e Richardson, 28, fizeram um show na cidadezinha de Clear Lake e embarcaram no avião para um voo de pouco menos de 500 km que duraria apenas alguns minutos.

Os restos do monomotor, que ia em direçao a Moorhead, em Minnesota, foram encontrados nas proximidades de uma cerca de arame. Investigadores creem que o piloto, que também morreu, tenha se confundido no escuro, sob neve e bateu com o avião contra o chão.

Cartaz da casa de shows onde o trio fez sua última apresentação antes do acidente (Foto: AP)


Primeiro marco

Décadas depois, o acidente continua fascinando fãs do mundo inteiro. Desde a última quarta-feira, admiradores e especialistas em música se reúnem em Clear Lake para uma série de debates, shows e homenagens ao trio.
"Na verdade, [o episódio] foi o primeiro marco do rock'n'roll; a primeira morte", afirma o historiador de rock Jim Dawson, autor de diversos livros sobre a música daquela época. "Há um ditado [em inglês] que diz que as coisas vêm em três. Bem, [neste caso] todas as três [mortes] aconteceram ao mesmo tempo."

Os encontros acontecem no Surf Ballroom, casa de shows onde os pioneiros do rock fizeram sua última apresentação. Após todos estes anos, o local mantém seu visual antiquado, com uma pista de dança de 570 m2, o teto pintado para lembrar um céu e máquinas de fumaça originais nos dois lados da sala. Dez faixas em homenagem a Buddy Holly se alinham na parede oposta ao palco.

Com capacidade para 2.100 pessoas, o Surf Ballroom ainda sedia shows de artistas nacionais e regionais, muitos dos quais acrescentam seus nomes a uma parede no backstage que agora está coberta de desenhos e assinaturas. “É um lugar bem especial”, disse Jeff Nicholas, membro da diretoria da casa de shows. “Esse lugar se parece exatamente com o que era em 1959.”


Congestionamento no milharal

Clear Lake é um lugar improvável para uma peregrinação roqueira – especialmente no inverno. A cidade de cerca de 8 mil habitantes circunda o lago de mesmo nome e, em dias de frio e vento, se parece com qualquer coisa menos destino de turistas.





Local onde, há 50 anos, ocorreu a queda do avião que matou Buddy Holly, Richie Valens e The Big Bopper foi transformado em memorial pelos fãs (Foto: AP)


O local do acidente é propriedade privada. Fica a 8 km de estrada a partir de Clear Lake, mais 800 km a pé por uma trilha. Durante o verão, o milho cresce alto nos campos ao lado, mas no inverno eles estão cobertos de neve e o atalho que leva ao pequeno memorial está geralmente coberto de gelo.

O memorial traz uma pequena cruz e uma chapa de metal em forma de guitarra e discos, que ficam adornados com flores no verão.
“É uma viagem muito mais legal no verão”, afirma Jeff Nicholas, morador há anos em Clear Lake que comanda a diretoria do Surf Ballroom. “Mas no inverno você tem uma ideia melhor de como deve ter sido.” Ninguém monitora o número de visitantes, mas fãs passam por lá ao longo do ano e, em alguns dias de verão, podem provocar congestionamentos bizarros nos campos de milho.

Momento de transição

Terry Stewart, presidente do Rock and Roll Hall of Fame em Cleveland, diz que as mortes continuam a repercutir até hoje por terem ocorrido em uma época em que o rock’n’roll estava passando por uma transição. O som de Chuck Berry, Jerry Lee Lewis e Holly estava abrindo caminho para a Invasão Britânica de meados dos anos 1960. “A música estava mudando naquele ponto”, afirma. “O acidente colocou um ponto final nesta mudança." Todos os três músicos influenciaram o rock’n’roll à sua maneira.

A carreira de Holly foi curta, mas seu estilo vocal e de tocar guitarra e o talento como compositor
influenciaram tremendamente artistas que vieram depois. Os Beatles, que se formaram mais ou menos na mesma época do acidente, estavam entre os primeiros fãs e escolheram seu nome (os besouros, em português) inspirados na banda de Holly, The Crickets (os grilos). Os sucessos de Holly incluem “That’ll be the day”, “Peggy Sue” e “Maybe baby”. Richardson, “The Big Bopper”, é geralmente creditado por ter criado o primeiro vídeo musical com a gravação de sua apresentação de “Chantilly lace”, em 1958, décadas antes da MTV. E Valens foi um dos primeiros músicos a adotar a influência mexicana no rock’n’roll. Ele gravou seu grande hit “La Bamba” apenas meses antes do acidente. Doze anos após o acidente que tirou a vida do trio, o episódio foi imortalizado como “o dia em que a música morreu” em canção de 1971 composta por Don McLean e batizada de “American pie”.
G1




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